Quando recebi a notícia de que uma amiga muito querida havia sido diagnosticada com cancer mobilizei amigos e familiares dela. Era fatal.
Ela tinha plena consciência de tudo o que aconteceria dali por diante e do quanto seria importante a presença de todos.
Os hospitais com a prática do deixe morrer em casa, orientou os cuidados. Faz muitos anos.
Organizamos nossa vida em torno dela e, por mais estranho que pareça, a família se afastou. Não havia cuidado, afeto e nem ajuda financeira que se prolongou por meses, mas os amigos bancaram. Fizemos rifa, organizamos almoços, permanecemos ali.
Chegou a notícia da morte. Como havia um círculo por parte daqueles que ficaram ao lado , imediatamente fomos cuidar das burocracias.
Fizemos o velório que começou as 16h. A família chegou as 18h, em prantos. Pedi que se retirassem.
No dia seguinte o enterro seguiria as 9h, a família começou a chegar às 6h. Não havia choro deles, além da disposição em me olhar torto.
Quando o cortejo começou, familiares se puseram na frente de todos nós. Na metade pedi para parar e disse que havia algo errado. Não considerava certo que a família tendo se afastado durante todo o período da doenca, que não tivesse se disponibilizado se colocasse como os donos da morta.
Parei o cortejo, sentei no caixão é só sai quando foram embora.
Vale a pena pensar a respeito.
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